quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fumarolas mostram consequências negativas de excesso de CO2 no mar

O Journal of the Geological Society apresentou um estudo sobre a influência do nível de pH em populações de foraminiferas, organismos unicelulares protistas, contendo uma pequena concha (chamada teca) que (com algumas excepções) é constituída por carbonato de cálcio.

O estudo foi feito nas fumarolas vulcânicas situadas na costa da ilha de Ischia , que libertam naturalmente dióxido de carbono (CO2). Tal como acontece com o CO2 emitido para a atmosfera em resultado da actividade humana, o CO2 emitido pelas ventarolas provoca a diminuição do pH do mar em redor, ou seja torna-o mais ácido. A figura seguinte apresenta uma fotografia de fumarolas da costa de Ischia (Crédito fotográfico: Universidade de Plymouth, EUA).



Segundo o estudo, a acidificação do mar em torno das ventarolas é responsável por uma diminuição significativa de diversidade dentro do conjunto de foraminiferas (um decréscimo de 24 para 4 espécies). As foraminiferas foram escolhidas porque têm um ciclo de vida curto, são sensíveis a alterações no meio ambiente e porque se encontram bem representadas ao longo do registo fóssil. Em baixo encontram-se alguns exemplos (Crédito fotográfico: wikipedia).


O facto de terem uma concha constituída de carbonato de cálcio também foi importante na escolha das foraminiferas. A diminuição do nível de pH nos oceanos provoca a diminuição do carbonato de cálcio disponível para a construção da concha destes e de outros animais marinhos (como é explicado aqui).

Variações em número e distribuição global de foraminiferas no registo fóssil parecem ser, em geral, consequência de alterações climáticas a nível global. Por exemplo durante o Máximo Térmico do Paleaceno-Eoceno (em inglês Palaeocene-Eocene Thermal Maximum ou PETM), que aconteceu acerca de 55 milhões de anos ocorreu um aumento “rápido” (geologicamente falando) da temperatura média da Terra de 5-6 ºC. A temperatura média manteve-se elevada durante algumas dezenas de milhares de anos. Durante este período a quantidade e distribuição de foraminiferas no registo fóssil diminuiu de forma considerável.

Os resultados apresentados pelo estudo publicado agora estão de acordo com a hipótese defendida por vários investigadores (ver aqui [em inglês]) de que o aumento “rápido” da temperatura durante o PETM foi uma consequência da libertação de gases de efeito de estufa como o dióxido de carbono e o metano. O excesso de dióxido de carbono terá sido absorvido pelos oceanos provocando a diminuição do pH (acidificação dos oceanos).

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