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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Deslizando no fundo profundo do mar

A Universidade de Aberdeen anunciou a 14 de Outubro a descoberta de uma nova espécie de peixe, da família Liparidae, a cerca de 7000 m de profundidade no sudeste do Oceano Pacífico, na fossa abissal de Peru-Chile. Apesar de apresentar um corpo semelhante ao de um girino estes peixes são mais conhecidos pelo nome de “snailfish”, ou peixe caracol.

A figura seguinte apresenta a fotografia desta nova espécie de peixe, tirada a mais de 7000 m de profundidade. O peixe tem um comprimento de cerca de 15 cm. Esta é uma das cerca de 6000 fotografias que foram tiradas com recurso a uma máquina fotográfica especial, adaptada para trabalhar a grande profundidade. (Crédito fotográfico: University of Aberdeen)


A máquina fotográfica carrega consigo isco (pedaços de peixe). O isco é utilizado para atrair os animais que vivem a grande profundidade, visto que muitos são necrófagos (ou seja alimentam-se de animais mortos). Os snailfish alimentam-se de pequenos crustáceos necrófagos.

A descoberta deste peixe desconhecido foi feita por um grupo de biólogos marinhos no âmbito do projecto HADEEP, um projecto iniciado à cerca de 3 anos, que estuda a vida marinha que habita locais a mais de 6000 m de profundidade.

A actividade do projecto HADEEP tem fornecido muita informação nova sobre os ecossistemas existentes a grande profundidade, provando que estes apresentam grande diversidade de espécies. Em 2008 investigadores do HADEEP filmou um conjunto de snailfishs a cerca de 7700 m de profundidade (um excerto deste filme é apresentado no fim do post). Até então nunca tinha sido encontrado nenhum peixe a tão grande profundidade.

Os snailfish agora descobertos na fossa abissal de Peru-Chile são de uma espécie diferente da espécie descoberta em 2008. Os resultados do estudo feito pela HADEEP confirmaram uma hipótese defendida pelos biólogos que integram este projecto: a de que os ecossistemas existentes a grande profundidade se encontram suficientemente isolados uns dos outros para que, em cada um, ter evoluído uma espécies diferente de snailfish.






Notas:

(1) O HADEEP é um projecto conjunto de institutos associados às Universidade de Aberdeen (Escócia) e da Universidade de Tóquio e ainda do Nacional Institute of Water and Atmospheric Rechearch (NIWA) da Nova Zelândia. Não consegui encontrar o site oficial do HADEEP.


(2) Uma fossa abissal é uma zona de encontro de placas tectónicas (zona de subducção) que se situam nos oceanos, a grande profundidade (abaixo de 5000 m!). A figura seguinte mostra a fossa abissal de Peru-Chile, situada a cerca de 100 km da costa este do continente sul-americano. (crédito fotográfico: NOAA/wikipedia).

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Lagarto escondido com cauda de fora

Foi identificada uma nova espécie de varano ou lagarto monitor em Sanana, uma ilha do arquipélago das Molucas, Indonésia. O vanano tocha (Varanus obor) recebe este nome devido à sua cabeça de cor laranja, que se destaca do resto do corpo preto.

Os varanos são lagartos grandes que prosperam em ilhas sem mamíferos. Nestas ilhas os varanos ocupam o lugar dos pequenos mamíferos predadores. O varano tocha pode atingir 1,20 m e alimenta-se de pequenos animais ou carcaças de animais mortos (carniça).

O varano tocha pertence ao mesmo grupo dos varanos de mangue (Varanus indicus) e habita regiões pantanosas povoadas por cicas, plantas que parecem pequenas palmeiras. A fotografia em baixo apresenta três cicas.

O biólogo Valter S-Å Weijola fotografou casualmente o varano tocha pela primeira vez numa visita a Sanana em Março-Abril de 2010. No final desse ano Weijola e outro biólogo, Samuel Sweet regressaram a Sanana, para conhecer melhor as características, hábitos e habitat deste animal e confirmar que é uma espécie nova de varano. Weijola e Sweet publicaram os seus resultados na revista Zootaxa do mês de Abril.


Sweet referiu que a descoberta do varano tocha, “um animal tão contundentemente colorido e tão grande [encontrado] apenas no ano passado [2009]” revela “o quão pouco sabemos sobre algumas regiões tropicais”.

Este mapa mostra a localização geográfica de Sanana.



Créditos fotográficos: (1) Valter S-Å Weijola; (2)Forest & Kim Starr; (3) Valter S-Å Weijola; (4) Wikipedia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

No deserto, ao luar…

Um grupo de investigadores israelitas descobriu uma nova aranha nas dunas das Areias de Samar, no sul de Arava (situado na fronteira entre Israel e a Jordânia). O aracnídeo foi baptizado com o nome de Cerbalus aravensis (Cerbalus porque é do género Cerbalus, aravencis porque foi descoberta na região de Arava).

A C. avarencis é (até ver) o maior aracnídeo conhecido no médio Oriente, podendo ter uma distância máxima entre patas de 14 cm. Ou seja são precisas apenas duas destas aranhas para encher uma folha A4.


A C. avarencis não tece teias. Vive numa toca que constrói na areia. É nessa toca, camuflada por uma porta-alçapão feita de grãos de areia colados uns aos outros, que a C. avarencis espera pelas suas presas (insectos e pequenos lagartos). É um animal nocturno, que prefere nas noites mais quentes de Verão.

Muito está ainda por descobrir sobre esta nova espécie. Não se conhece o número exacto destas aranhas e não se sabe se existem noutros locais. Estas informações são extremamente importantes porque as dunas que constituem o habitat da C. avarencis correm o risco de desaparecer, transformadas em solos agrícolas e utilizadas como fonte de areia para construção civil, para não falar da exploração de minérios. As Areias de Samar, que já tiveram uma extensão de 7 km2, actualmente não ocupam mais de 3 km2.

Os cientistas que descobriram a C. avarencis alertam ainda para o facto de as Areias de Samar serem um habitat pouco conhecido e pouco explorado, podendo existir neste local outros animais ainda desconhecidos, pelo que é muito importante a sua preservação.

Crédito fotográfico:


(1) Roy Talbi, cortesia da Universidade de Haifa;
(2) Yael Olec, cortesia da Universidade de Haifa;
(3) Yael Olec, cortesia da Universidade de Haifa.