quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Google comemora o dia da Terra!


Hoje a Google associa-se à comemoração mundial do 40º aniversário do Dia da Terra, com um logótipo comemorativo.

A celebração do Dia da Terra todos os anos, a 22 de Abril, é o resultado do interesse e motivação de um antigo governador e senador do estado de Wisconsin, Gaylord Nelson (1916-2005).

No decorrer da década de 60 do século passado Nelson foi lançando alertas quanto à importância da preservação do meio ambiente (três décadas mais tarde Al Gore seguiu o seu exemplo).

Em Setembro de 1969, quando participava numa conferência em Seattle, situada no estado norte-americano de Washington, Nelson anunciou que no ano seguinte iria promover uma manifestação em favor do meio ambiente, convidando todos a participar.

Num tempo em que não existiam telemóveis ou internet a ideia do senador Nelson andou de boca em boca, por telefone, carta ou telegrama. Rapidamente o gabinete de apoio de Nelson deixou de ter capacidade para responder aos milhares de pedidos de esclarecimento e de apoio de norte-americanos, querendo participar no evento.

Segundo as palavras do próprio Gaylord Nelson:
O Dia da Terra resultou por causa da resposta espontânea ao nível das bases. Nós não tínhamos tempo nem recursos para organizar 20 milhões de manifestantes e os milhares de escolas e comunidades locais que participaram. Essa foi a coisa mais notável sobre o Dia da Terra. Organizou-se a si próprio.
No dia 22 de Abril de 1970, a data em que se comemorou o Dia da Terra pela primeira vez, várias cidades norte-americanas participaram, com manifestações e actividades envolvendo, no total, perto de 20 milhões de pessoas.

A primeira comemoração do Dia da Terra assinalou o início do interesse demonstrado pelo Homem com as questões do meio ambiente, a poluição (nomeadamente a contaminação da terra, ar e água) e as suas consequências, incluindo as consequências negativas.

Actualmente o Dia da Terra é comemorado mundialmente, em diferentes países de todos os continentes, incluindo Portugal.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cassini e os anéis de Saturno

Um artigo publicado na revista Science de 19 de Março apresenta as conclusões tidas pelos investigadores que têm analisado os dados da Sonda Espacial Cassini sobre os anéis de Saturno. E revela que Maxwell (ainda) tem razão!


A sonda Espacial Cassini (uma missão conjunta da NASA, ESA e da ASI) foi lançada da Terra a 15 de Outubro de 1997. O seu objectivo era estudar mais a fundo Saturno, os seus anéis e o seu sistema de muitas, muitas luas (foram descobertas 63 até ao final de 2009, várias através das fotografias enviadas pela Cassini). A Sonda Cassini atingiu a órbita de Saturno a 1 de Julho de 2004.

Os anéis de Saturno têm um diâmetro de centenas de km, mas uma espessura de pouco mais de 15 metros (correspondente a menos de 6 contentores marítimos empilhados uns sobre os outros).Na fotografia em baixo é possível ver parte dos anéis de Saturno, acompanhados pela lua Enceladus.


Segundo o artigo da Science, os anéis de Saturno são constituídos por pedaços de gelo, podendo ter um tamanho que varia entre o de um amendoim até ao de um carro. A pureza do gelo (as análises parecem indicar a presença residual de contaminantes) permite que reflictam a luz do Sol da mesma forma que as calotes de gelo na Terra, tonando os anéis muito brilhantes.

Os pedaços de gelo que compõem os anéis de Saturno movimentam-se formando uma espécie de fluido dinâmico. Nele os pedaços de gelo mais pequenos agregam-se formando pedaços maiores. Por sua vez estes pedaços de gelo chocam uns com os outros, partindo-se em pedaços mais pequenos. A gravidade de Saturno e a influência das várias luas de pequenas dimensões que se encontram “embebidas” no meio dos anéis tem uma grande influência no movimento dos pedaços de gelo.


Nesta fotografia pode-se ver o efeito da pequenina lua Prometheus sobre os anéis de Saturno (as duas pequenas “ondulações” á esquerda) (crédito: NASA)

A força de gravidade exercida sobre os pedaços de gelo dos anéis limita o tamanho máximo que os pedaços de gelo conseguem atingir. O processo de “crescimento” de pedaços de gelo nos anéis pode durar apenas meses ou semanas, como foi confirmado pelos registos da Sonda Cassini.

Os anéis de Saturno apresentam um contaminante de cor vermelha, que os investigadores pensam poder ser um composto orgânico ou um composto contendo ferro, muito possivelmente ferrugem (óxido de ferro). A formação de ferrugem resultaria da reacção dos átomos de ferro com moléculas de oxigénio, um dos maiores componentes da atmosfera que se forma em torno dos anéis.

Em Agosto de 2010 ocorreu um equinócio em Saturno, um acontecimento que apenas acontece de 15 em 15 anos. Durante o equinócio o dia tem uma duração igual à noite, e, no caso de Saturno, os anéis estão perpendiculares aos raios de luz solar. Nesta altura a acção gravítica do Sol sobre os anéis revela-se, fazendo com que os pedaços de gelo se movimentem verticalmente (para cima e para baixo) uns em relação aos outros, passando os anéis a ter ,temporariamente, uma espessura de várias centenas de metros.


Este panfleto da NASA (em inglês) apresenta informações sobre a Sonda Cassini e a sua missão em Saturno.

O site da NASA dedicado à Sonda Cassini também contem muita informação interessante sobre a missão desta sonda, e resmas de fotografias. Mas é tudo descrito em inglês.

Créditos fotográficos: Todas as imagens foram tiradas pela sonda Cassini (NASA).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando a Lua tapar o Sol ...de novo!

O próximo eclipse solar total na Terra vai acontecer no dia 11 de Julho de 2010 e vai acontecer no hemisfério sul, iniciando-se no meio do Oceano Pacífico e terminando nas costas do Chile. O eclipse inicia-se com o nascer do sol, às 18 horas e 15 mim (hora universal), a sensivelmente 700 km sudeste das ilhas de Tonga.

No seu “caminho” o eclipse solar encontra algumas ilhas habitadas por humanos. Na ilha de Mangaia, pertencente ao arquipélago das ilhas de Cook, o eclipse total irá durar 3 min e 18 s. Em algumas ilhas do arquipélago de Tuamoto, pertencente à maior cadeia de atóis da Terra, o eclipse total terá uma duração superior a 4 minutos.

O eclipse total terá uma duração máxima de 5 min e 20 s no meio do oceano (longitude = 121º 51’ oeste; latitude = 9º 45’ sul), pouco antes de “atingir” a Ilha da Páscoa, famosa pelas enormes estátuas em pedra, muitas representando cabeças. Nesta ilha o eclipse irá durar 4 min e 41 s.


O eclipse termina na costa, perto dos Andes, na zona de fronteira entre a Argentina e o Chile.

Quando a Lua consegue tapar completamente o Sol ”o dia transforma-se em noite” e é possível ver as estrelas e os planetas que a luz solar ofusca. Durante o elipse de 11 de Julho vai ser possível ver várias estrelas (nomeadas na figura em baixo), o planeta Vénus com uma magnitude de –4,1 e o planeta Mercúrio com uma magnitude de –0,8. Quanto mais negativo for o valor de magnitude, maior o brilho do astro no céu. A estrela mais brilhante do firmamento, Sírius, tem uma magnitude de –1,5, destacando-se, quando presente no céu nocturno, das demais estrelas.

Este eclipse será assim uma boa oportunidade para ver Vénus e Mercúrio, os dois planetas mais próximos do sol, que em geral só são visíveis no princípio da manhã ou no final da tarde, quando o Sol não está visível. Vénus é visível suficiente para ter sido confundida pelos antigos como sendo dois astros diferentes, a estrela da manha ou estrela d’alva e a estrela da tarde ou estrela vespertina. Descobrir Mercúrio de dia já é um desafio.

Nota: Este artigo foi adaptado de um artigo escrito por Joel Harris para a revista Astronomy. Nele, o autor indica não ser boa ideia fazer quaisquer referências ao filme Marte Ataca! (1996) de Tim Burton. Numa cena deste filme os extraterrestres “utilizam” um conjunto de estátuas (chamadas moai pelos nativos, tendo para eles um significado espiritual muito importante) como pins de bowling.


Créditos de imagens: (1) wikipedia; (2) Astronomy: Richard Talcott e Roen Kelly; (3) wikipedia; (4) wikipedia.

Bibliografia: Harris, J (2010) Totality crosses Easter Island, Astronomy, 38 (3), 52-54.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Parabéns a Hans Christian Andersen!


A google celebra o 205ª aniversário de Hans Christian Andersen com um logo comemorativo de um dos seus contos mais famosos, A Polegarzinha.

Hans Christian Andersen nasceu a 2 de Abril de 1805, em Odense, Dinamarca e morreu em Copenhaga, a 4 de Agosto de 1875. Andersen queria ser actor e dramaturgo, mas foram os seus contos infantis que o tornaram famoso em todo o mundo. Embora Anderson se tenha baseado muitas vezes em personagens reais e do folclore dinamarquês, os contos que escreveu saíram directo da sua imaginação.


Em 1835 Andersen edita as primeira e segunda partes de um livro de contos infantis, “Contos de fadas contados a crianças”, contendo entre outros os contos "A Princesa e a ervilha" e "A Polegarzinha". Em 1837 é editada a terceira e última parte deste livro, com os contos "As Roupas Novas do Imperador" e "A Pequena Sereia".



Outros contos infantis famosos de Andersen são “O Patinho Feio” (1843) “o Valente Soldadinho de Chumbo” (1838), “A Rapariguinha dos Fósforos” (1847), “O Rouxinol” (1843) e “A Rainha da Neve” (1845).

Entre 6 de Maio e 14 de Agosto de 1866 Andersen esteve em Portugal. A sua passagem por Portugal esteve integrada numa viagem a vários países europeus (Bélgica, Espanha, França, Holanda e Suíça). Andersen esteve em Lisboa, Aveiro, Setúbal, Coimbra e Sintra, e, em geral, parece ter ficado bem impressionado com o que viu. A imagem à direita é uma reprodução de parte um desenho feito por Andersen do Aqueduto das Águas Livres. O texto seguinte refere-se a este aqueduto.

“Nos diversos cambiantes de luz, quando as nuvens suspendiam o seu véu de chuva sobre a terra, quando o sol luzia num céu límpido, ao entardecer, quando o matiz brilhante do arco-íris se espelhava no céu, como ainda iluminado pelo luar, o aqueduto era uma imagem majestosa e imponente que dominava toda a paisagem”.

Andersen escreveu um livro sobre a sua viagem a Portugal, editado ainda em 1868. Também fez referencia à viagem por Portugal em cartas publicadas em jornais e em outros livros. Andersen referiu ainda que vários locais que visitou em Portugal serviram de inspiração para alguns contos e poesias.

Hans Cristian Andersen era exímio na arte de recortar figuras em papel. Era o “cortador de papel” mais famoso na Escandinávia, tendo um papel importante na popularização desta forma de arte. Transportava sempre consigo uma pequena tesoura e diz-se que era comum Andersen fazer um recorte de papel à medida que contava uma história. No final da história, Andersen desdobrava o papel e e mostrava o “desenho” ao público deslumbrado. Os recortes de papel apresentados neste post foram todos feitos por Andersen (guardados no museu dedicado a Andersen, em Odense).


(1) Este site, referente a uma exposição temporária sobre Andersen realizada em 2005 na Biblioteca Nacional apresenta imensa informação sobre o autor, incluindo uma extensa cronologia, a descrição da viagem de Andersen a Portugal e aguarelas feitas pelo autor.

(2) Este site apresenta um conjunto de histórias de Hans Cristian Andersen. As histórias são lidas por um narrador e ilustradas, podendo ser visto por crianças e pais. Também tem actividades extras, associadas aos contos.