segunda-feira, 25 de julho de 2011

Afinal Plutão tem (pelo menos) quatro luas!

Foi descoberta uma quarta lua (satélite natural) orbitando em torno de Plutão. A descoberta desta lua, que tem o nome provisório de P4, foi possível recorrendo a imagens de Plutão, obtidas pelo ao telescópio espacial Hubble. A P4 tem entre 13 e 34 km de diâmetro e encontra-se entre as luas Hidra e Nix, descobertas em 2005 também pelo telescópio espacial Hubble. A figura seguinte apresenta um esquema do sistema de Plutão e as quatro luas conhecidas. Crédito: NASA, ESA e A. Feild (STScI).


Pensa-se que o sistema de luas de Plutão resulta do choque com outro corpo celeste. As luas teriam resultado de pedaços maiores do corpo celeste, enquanto que os pedaços menores se agrupariam, formando anéis de rochas. Ao tentar determinar a existência destes anéis foram tiradas fotografias a Plutão e as suas luas utilizando um maior tempo de exposição. O aumento do tempo de exposição da fotografia tornou visível a lua P4.


A lua P4 foi observada pela primeira vez a 28 de Junho de 2011. A 3 e a 18 de Julho foram tiradas duas novas fotografias a Plutão e as suas luas, que permitiu confirmar que P4, o pequeno ponto luminoso se move em torno de Plutão. A figura anterior apresenta as fotografias tiradas a 28 de Junho (à esquerda) e a 3 de Julho (à direita) a Plutão e as suas luas. As quatro luas encontram-se identificadas. O grande tempo de exposição cria um ruído de que resulta um fundo salpicado e também cria as riscas diagonais. Crédito: NASA, ESA, e M. Showalter (SETI Institute).

A figura seguinte corresponde a uma sobreposição das fotografias obtidas pelo Hubble a 28 de Junho e a 3 de Julho de 2011, permitindo ver as trajectórias das luas de Plutão (assinadas com as setas verdes). Crédito: NASA, ESA, and Z. Levay (STScI).


É possível que a lua P4 tenha sido observada anteriormente. No entanto o pequeno tempo de exposição da fotografia não permitiu visualizar a pequena lua.

A descoberta da “nova” lua de Plutão insere-se no estudo deste planeta anão feito utilizando o Hubble, em preparação para a aproximação da Sonda New Horizons a Plutão. A sonda New Horizons foi lançada da Terra em 2006 e irá atingir Plutão, o seu objectivo de estudo, em 2015. O objectivo inicial de estudo era determinar se Plutão está ou não rodeado por um sistema de anéis.

A figura seguinte apresenta uma representação artística de Caronte, Hidra e Nix, vistas de Plutão. Crédito: NASA, ESA e G. Bacon (STScI).





Nota: Plutão foi descoberto em 1930. Em 1978 foi descoberto o seu primeiro satélite, Caronte. Caronte tem perto de 1043 km de diâmetro, cerca de metade do diâmetro de Plutão.

Tal como a lua P4, também as luas Hidra Nix foram descobertas quando foram tiradas fotografias com maior tempo de exposição. A figura seguinte é composta por três fotografias do sistema de Plutão, tiradas a 11 de Junho de 2002 (esquerda), 15 de Maio de 2005 (centro) e a 18 de Maio de 2005 (direita). A fotografia à esquerda foi tirada com menor exposiçãoque as outras duas, como pode ser comprovado pela não existência de riscas diagonais. Crédito: NASA, ESA, H. Weaver (JHU/APL), A. Stern (SwRI), e Hubble Space Telescope Pluto Companion Search Team.

sábado, 23 de julho de 2011

Parabéns Amália Rodrigues


A Google comemora o 91º aniversário de Amália Rodrigues (1920-1990), a mais importante e conhecida fadista portuguesa, responsável pela divulgação do Fado em todo o mundo. Amália apostou em cantar poemas de grandes poetas portugueses, como Alexander O’Nell, Ary dos Santos, David Mourão Ferreira e Pedro Homem de Mello.

sábado, 16 de julho de 2011

O olho visto ao pormenor

A New Scientist publicou um conjunto de 6 fotografias tiradas pelo fotógrafo australiano Chris Barry, especializado em oftamologia. Barry trabalha no Lions Eye Institute, em Perth, na Austrália e recebeu em 2011 o Prémio de fotografia do Australian Institute of Professional Photography pelo seu trabalho fotográfico do olho.


Cirurgia Laser ao Olho


Pessoas com miopia (“ver mal ao longe”) ou com hipermetropia (“ver mal perto”) podem corrigir o seu problema de visão recorrendo a uma cirurgia laser. Neste tipo de cirurgia é utilizado um laser de luz ultravioleta para remover camadas da córnea. Desta forma a curva da córnea é refeita, de forma a permitir que a imagem seja focada na retina. Esta fotografia apresenta a libertação de plasma da zona onde foi removido tecido da córnea (recorrendo ao laser), de um paciente que sofria de miopia (Crédito: Wikipedia).




Trauma da Córnea


A córnea é um tecido transparente que cobre a frente do olho. Em conjunto com a lente a córnea foca as imagens na retina. A córnea pode sofrer lesões provocadas por irritação química, excesso de luz solar ou infecções. Estas lesões ocorrem principalmente na camada superior da córnea, chamada epitélio e podem “turvar” a visão.

Um meio de diagnóstico, que permite a visualização da zona lesada é a utilização de fluoresceína de sódio. São colocadas algumas gotas desta substância sobre o olho. A fluoresceína de sódio é absorvida pelas células do stroma (camada espessa de células situadas logo por debaixo do epitélio) da zona afectada. Quando o olho é depois exposto a luz verde a zona afectada aparece verde, porque emite luz por fluorescência. Na figura seguinte são colocadas gotas de fluoresceína de sódio no olho de um paciente, para um exame à córnea (Crédito: MCB Camp Butler/Wikipedia).




Degenerescência da Íris


Fotografia de um olho que apresenta uma malformação na íris devida a uma doença genética rara. A íris é uma estrutura fina e circular que funciona como um diafragma, controlando o diâmetro da pupila, abertura que permite a passagem de luz para a retina, e como consequência a quantidade de luz que atinge a retina. A iris é "responsável" pela cor dos olhos.




Esquema simplificado do olho humano (Crédito: National Eye Institute, adap.)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Neptuno foi visto pela primeira vez há um ano neptuniano


Hoje Neptuno comemorou um ano neptuniano desde que foi identificado como planeta por humanos do planeta Terra. Na noite de 23 de Setembro de 1846, há 164 anos e 288 dias, os astrónomos Johann Gottfried Galle (1812-1910) e Heinrich Louis d’Arrest (1822-1875), do Observatório de Berlim observaram um ponto luminoso no céu, uma estrela que não se encontrava registada nas cartas celestes do observatório. A figura seguinte é uma pintura do Observatório de Berlim, onde, em 1846 Galle e d’Arrest observaram Neptuno pela primeira vez.

A descoberta de Neptuno é especial. Quando Galle e d’Arrest procuraram pelo planeta fizeram-no seguindo indicações do astrónomo e matemático francês Urbain Le Verrier (1811-1877) Neptuno foi assim o primeiro (e até agora) único planeta cuja existência foi prevista. A figura seguinte é uma pintura de Galle. Crédito: Wikipedia


O primeiro registo de Neptuno foi feito por Galileu Galilei (1564-1642). Com o seu telescópio Galileu observou Neptuno em Dezembro de 1612 e em Janeiro de 1613, quando estudava Júpiter. Infelizmente nessa altura Neptuno encontrava-se em movimento retrógrado e a sua posição no céu não variava de forma visível. Assim Galileu não se apercebeu da sua existência.

Após Galileu, Neptuno foi avistado (e a sua posição registada) por vários astrónomos, sem nunca ter sido identificado como um planeta. Então, em 1781, o astrónomo William Herschel (1738-1822) anunciou a descoberta de Úrano, classificando-o como um planeta.

Nos anos a seguir à sua descoberta, Urano foi monitorizado cuidadosamente. Para poder determinar a sua órbita (trajectória em torno do Sol) os astrónomos fizeram observações directas do planeta e procuraram possíveis registos de Úrano, feitos antes da sua descoberta. E algumas décadas após a sua descoberta verificaram que Úrano não de movia da forma prevista, calculada teoricamente.

O movimento de um planeta em torno do Sol segue as leis de Newton. Embora o Sol (devido à sua grande massa) tenha uma influência muito importante, não é o único astro do sistema solar a influenciar o movimento de planetas e asteróides. Na verdade, quanto mais longe se encontra menor a influência do Sol. Neste caso os planetas mais próximos, principalmente os com maior massa, passam a ter uma maior influência.

No entanto, mesmo considerando a influência de Júpiter e Saturno, os dois planetas (peso-pesados) que “precedem” Úrano não era possível conciliar a teoria com a realidade. Assim uma das propostas apresentadas para explicar as discrepâncias encontradas foi a existência de um planeta desconhecido, com uma distância ao Sol maior do que a de Úrano.

A figura seguinte indica a forma como o movimento de Úrano pode ser influenciado pela presença de um planeta mais exterior. Na posição a força gravítica exercida pelo planeta mais exterior acelera Neptuno (Neptuno está “mais à frente” do que o previsto). No entanto quando Neptuno atinge a posição b o planeta mais exterior força a desaceleração de Neptuno (Neptuno está “mais atrás” do que o previsto) Crédito: RJHall/Wikipedia.


Dois astrónomos matemáticos o francês Le Verrier e o britânico John Couch Adams (1819-1892) consideraram seriamente esta hipótese. Adams iniciou os seus cálculos primeiro, em 1843. Le Verrier não parece ter começado antes de 1844.




Nota: por falta de tempo não foi possível concluir este post a tempo. Será terminado o mais breve possível!

A Catedral de São Basílio faz 450 anos

A Google comemora o 450º aniversário da Catedral de São Basílio, a catedral ortodoxa mais famosa de Moscovo.


A catedral, que marca o centro geométrico de Moscovo, foi mandada construir pelo czar Ivan o terrível para comemorar a conquista das cidades Kazan e Astrakhan pelo exército russo. As obras decorreram entre 1555 e 1561. Reza a lenda que Ivan mandou cegar o arquitecto que concebeu a catedral, para que não pudesse conceber outro edifício tão belo.

Inicialmente a catedral era constituída por uma igreja central rodeada por oito igrejas menores. Mais tarde (1588) foi construída uma outra pequena igreja, sobre o túmulo de São Basílio, que dá o nome popular à catedral. Cada uma das nove igrejas laterais apresenta uma cúpula em forma de cebola, decorada com cores vivas. As cúpulas representam chamas elevando-se para o céu. Os materiais de construção mais importantes são a pedra e o tijolo. As cores vivas são um acrescento posterior (Credito fotográfico: Thibault Constans/Wikipédia, adap.).



A cidade de Moscovo comemora o aniversário da catedral de São Basílio com uma exposição sobre São Basílio, a decorrer na catedral. Este santo viveu (e morreu) durante o reinado do czar Ivan. Era uma espécie de eremita, que roubava em lojas para entregar aos mais pobres e era muitas vezes visto a percorrer as ruas de Moscovo nu, mesmo no Inverno.

São Basílio criticou duramente o czar Ivan. No entanto o czar nunca o maltratou porque considerava que São Basílio "um vidente dos corações e mentes das pessoas". Inclusive foi um dos que transportou o caixão de São Basílio. Na figura seguinte é possível ver à esquerda a cúpula da capela onde está o túmulo de São Basílio e à direita um ícone deste santo, situado na catedral.




Apesar de considerada um ícone desde a sua construção, a catedral sofreu bastante durante o regime comunista. Foi interdita ao culto em 1929 e Estaline considerou seriamente demoli-la porque não se enquadrava nos seus planos urbanísticos. Antes disso já Napoleão a mandara destruir, felizmente sem sucesso. A figura seguinte é um postal, anterior a 1917.

domingo, 3 de julho de 2011

Maquinas de lavar louça podem ter hóspedes inesperados!

Um estudo a publicar brevemente pela revista Fungal Biology revela que as máquinas de lavar louça podem albergar fungos potencialmente perigosos para a saúde. Para este estudo foram testadas 189 máquinas de 101 cidades de 18 países espalhados pelos 6 continentes (Crédito: Piotruz, adaptado).


Segundo o estudo 62% das máquinas testadas albergavam fungos nas borrachas que selam as portas. Os fungos alimentam-se dos restos de comida que ficam nos pratos, talheres e tachos. Os fungos encontrados pertencem aos géneros Aspergillus, Candida, Exophiala, Magnusiosmyces, Fusarium, Penicillum e Rhodotorula, que podem provocar doenças em humanos.

As espécies de fungos encontradas nas máquinas de lavar louça são raras na natureza e são organismos extremófilos (que ocupam normalmente nichos de condições extremas de temperatura, salinidade e pH). Para estas espécies as máquinas de lavar louça tornaram-se ambientes bastante toleráveis. Os fungos parecem ser sensíveis ao tipo de água. Os fungos do género Exophiala, por exemplo, preferem águas médias ou duras (águas com maior concentração de iões cálcio e magnésio).

Durante um ciclo de lavagem as máquinas de lavar a louça apresentam condições temporárias extremas de temperatura (60 °C a 80°C), humidade elevada, elevados valores de salinidade, presença de detergentes e pH básico forte. Estas condições eliminam potenciais competidores. Os autores do estudo verificaram que os fungos descobertos nas máquinas de lavar a louça também suportam ambientes de pH ácido.

A figura seguinte é a fotografia em infravermelho do interior de uma máquina de lavar louça após terminar um ciclo de lavagem (Crédito: Scientifica/Visuals Unlimited/Corbis).


Os autores do estudo consideram que existe a possibilidade de os fungos que vivem no interior das máquinas de lavar loiça, adaptados às condições extremas, se cruzarem com outros fungos da sua espécie e, por recombinação genética (que acontece sempre como consequência da reprodução sexuada).

Para os autores do estudo a situação mais preocupante é a contaminação com os fungos das espécies Exophiala dermatitides e Exophiala phaeomuriformis. Estas espécies foram encontradas em 56% das máquinas de lavar louça contendo fungos (sensivelmente 36% das máquinas avaliadas) e podem facilmente contaminar pessoas imunodeprimidas (pessoas com o sistema imunitário “em baixo”), doentes com fibrose quística e (raramente) pessoas saudáveis.

A figura seguinte apresenta uma cultura de E. dermatitides, obtida a partir de uma amostra recolhida de um cão infectado (Crédito: Rui Kano/PFDB).

A E. dermatitides e a E. phaeomuriformis infectam uma pessoa através de uma ferida aberta. Uma vez no interior do organismo podem provocar feohifomicoses, endocardites (que afectam os tecidos do coração), e inclusive afectar o cérebro. Os doentes com fibrose quística são mais sensíveis à acção de fungos porque tomam antibióticos com frequência (os antibióticos actuam sobre as bactérias mas não sobre os fungos).



Notas:


(1) Este texto foi adaptado a partir de informações nos seguintes sites:
http://www.elsevier.com/wps/find/authored_newsitem.cws_home/companynews05_01987
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1878614611000729
http://www.scientificamerican.com/blog/post.cfm?id=unwanted-housemates-dishwashers-pro-2011-06-21
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49767&op=all

(2) Este artigo (em português) refere-se a doenças provocadas por fungos.

(3) Este artigo (em inglês) apresenta informações sobre feohifomicose.

(4) Este artigo (em português) apresenta informações sobre a fibrose quística.