As manchas brancas da figura anterior são bolhas de metano presas bor debaixo de uma camada de gelo, num lago gelado situado na Sibéria. O metano é um poderoso gás de efeito de estufa, com uma acção 25 vezes superior ao do dióxido de carbono (segundo a EPA, United States Environmental Protection Agency ou Agência de Protecção Ambiental Norte-Americana). Pensa-se que o metano é o maior constituinte dos hidratos de gás (um material natural, constituído por bolsas de gases “presas” em estruturas de moléculas de água), que por sua vez constituem a maior reserva de carbono orgânico na Terra. Os hidratos de gás contendo metano são chamados hidratos de metano.
A região Este da plataforma continental da Sibéria, no Árctico tem uma profundidade máxima de 50 metros. Nos períodos de temperaturas mais baixas, a consequente descida do nível da água do mar torna esta região livre de água. Como os solos são permafrost, os hidratos de metano presentes mantêm-se estáveis, não ocorrendo a libertação de metano para a atmosfera.
Nos períodos de temperaturas mais elevadas a plataforma continental é coberta de água, que se encontra a uma temperatura mais elevada que a temperatura do ar. O aumento de temperatura destabiliza os hidratos de metano, promovendo a libertação deste gás. A profundidade da plataforma continental (50 metros) é insuficiente para que o metano libertado seja todo oxidado a dióxido de carbono pelo oxigénio presente no mar, antes de atingir a superfície.
O artigo da Science refere que as concentrações de metano na atmosfera terrestre têm variado entre 0,3 a 0,4 ppm (partes por milhão) nos períodos de temperaturas mais baixas e 0,6 a 0,7 ppm nos períodos de temperaturas mais elevadas. Actualmente, o valor médio sobre o Árctico é de 1,85 ppm, a mais elevada concentração de metano registada nos últimos 400 mil anos.
Nota: A figura seguinte apresenta um esquema simplificado de representação de uma plataforma continental.
Créditos fotográficos e esquemáticos: (1) Jeff Chanton, Departamento de Oceanografia da FSU; (2) U.S. Geological Survey (adaptado); (3) wikipedia (adaptado).
Nota adicionada a 2 de Abril de 2010: A equipa de Shakhova descobriu mais de 100 pontos na região este da plataforma continental da Sibéria em que o metano é libertado do permafrost submerso. A quantidade de metano libertada nesta região, 7 milhões de toneladas por ano, corresponde a 2% do total de emissões a nível mundial.
Sem comentários:
Enviar um comentário