O artigo baseia-se nas imagens de formações geológicas chamadas escarpas lobuladas por apresentarem a forma de um lóbulo. As escarpas lobuladas foram detectadas pela primeira vez na Lua pelas missões Apolo realizadas na década de 1970. As imagens recolhidas até agora pela LRO revelam que as escarpas lobuladas estão presentes em toda a superfície lunar.
As escarpas lobuladas são uma consequência directa de actividade tectónica resultante do arrefecimento da Lua, um processo que os cientistas pensavam ter terminado à muito tempo atrás. Durante o arrefecimento da Lua o seu volume diminuiu levando à formação de falhas inversas, formações geológicas em que uma secção da crosta é forçada a levantar-se sobre outra, formando-se uma escarpa lobular (ver figura à esquerda). Crédito: Universidade do Estado de Arizona.
As escarpas lobulares têm uma forma semicircular ou lobular, dai o nome. Podem ter vários km de comprimento mas a sua altura não ultrapassa os 300 m, não sendo por isso detectáveis utilizando os meios disponíveis até agora.
A imagem em cima revela uma escarpa lobulada contendo várias pequenas crateras. Algumas destas crateras foram deformadas pela escarpas, como se pode ver de forma mais detalhada no pormenor em cima à esquerda. Crédito: NASA/Goddard/Universidade do Estado de Arizona/Smithsonian.
As crateras deformadas revelam que as escarpas se formaram após a formação da cratera. Mas as crateras de pequena dimensão têm em média uma “vida curta”, desaparecendo sob crateras maiores formadas pelo impacto de meteoritos maiores. Assim as escarpas serão ainda mais recentes que as crateras deformadas.
Esta conclusão é reforçada pelo facto de não se terem encontrado crateras de grandes dimensões nas escarpas fotografadas até agora e porque estas escarpas não apresentam sinais significativos de erosão.
Os autores do artigo concluíram que as escarpas lobuladas agora observadas não terão mais de 1 bilião de anos (a Lua tem pouco mais de 4 biliões de anos), podendo se ter formado à menos de 100 milhares de anos. Ao contrário do que se pensava, o processo de arrefecimento da Lua poderá ainda estar em curso e a Lua poderá encolher mais um bocadinho. John Keller, um dos autores do artigo da Science, considera que “[o conhecimento] das características geológicas da Lua [é] uma ferramenta poderosa para a compensação da história da Lua e do sistema solar”. Keller é responsável pelo projecto do LRO no Goddard Space Fight Center da NASA.
Os artigos (em inglês) da NASA, de onde foram recolhidas as figuras apresentadas neste poste, e da National Geographic apresentam informação extra interessante.
P.S.: (1) A Lua não é o único astro do sistema solar onde foram encontradas escarpas lobuladas. Estas também foram detectadas em Mercúrio, Marte e também na Terra.
P.S.: (2) O Lunar Reconnaissance Orbiter foi lançado a 18 de Junho de 2009 e entrou em orbita em torno da Lua a 23 de Junho. Depois de mapear de forma cuidada a Lua o LRO irá para Marte.
Nota: Os artigos em português que consultei referem que a Lua “encolheu” apenas 100 m. No entanto no artigo original publicado pela NASA Thomas Watters refere ”Baseado no tamanho das escarpas, estimamos que a distância entre o centro da Lua e a sua superfície encolheu perto de 300 pés (~180 m)” [no original, "Based on the size of the scarps, we estimate the distance between the moon's center and its surface shrank by about 300 feet"].
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