quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Flutuando no Mar…

A Science publicou um estudo sobre a distribuição de resíduos de plástica no Atlântico Norte, próximo da costa leste dos Estados Unidos. O estudo baseia-se em recolhas feitas por alunos universitários ao longo de 22 anos (1986-2008) e foi apresentado por elementos da Sea Education Association (SEA), Woods Hole Oceanographic Ins titution (WHOI) e a Universidade do Havai (todas instituições norte-americanas).

As recolhas foram feitas em 6136 locais diferentes, e correspondem a mais de 61 000 pedacinhos de plástico semelhantes aos da figura seguinte. A maioria tem menos de 1 cm, pesa menos de 0,15 g e é constituída por polietileno ou polipropileno, plásticos que flutuam. As recolhas foram feitas utilizando uma rede de recolha de placton.


A figura seguinte representa um mapa da zona de recolha dos resíduos de plástico. Cada bolinha corresponde a um local de recolha diferente, e as cores das bolinhas indicam o número de pedacinhos de plástico por km2 de área. As estrelas pretas correspondem a locais de recolha com mais de 200 000 pedaços por km2.


Os resultados obtidos permitiram a elaboração de um modelo matemático que tem em consideração as correntes marítimas da região do estudo. Os resíduos de plásticos encontram-se distribuídos numa faixa de latitude de 22-38º N. A maior concentração dos resíduos de plástico encontra-se a 32º N de latitude.

Falta agora realizar estudos sobre as colónias de bactérias e outro microrganismos que possam viver nos pedaços de plástico, a influência que estas partículas de plástico possam ter para a dispersão das colónias e também a forma como estas colónias poderão influenciar a degradação do plástico. As colónias poderão alterar as características físicas dos pedaços de plástico provocando o seu afundamento.

Talvez a acção das colónias de bactérias explique um fenómeno curioso indicado no estudo. Embora a utilização e descarte de plásticos tenha aumentado nos 22 anos que durou o estudo, a concentração de resíduos de plásticos tem-se mantido constante.

Crédito fotográfico: Science

Artigo original aqui

P.S. (12 de Setembro de 2010): Num artigo da revista New Scientist, Kara Lavender (uma das autoras do estudo) refere que o sistema de recolha das amostras de plástico (rede de recolha de plâncton) poderá não ser o mais apropriado. Este sistema permite a passagem de pedaços com menos de 0,3 mm, (1,0 mm é a divisão mínima de uma régua) e só permite a recolha de pedaços que se encontrem à superfície da água. A formação de biofilmes sobre os pedaços de plástico torna-os mais densos, logo deixam de estar à superfície dos mares.

O artigo da New Scientist também apresenta este vídeo sobre o processo de recolha de amostras.

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