O primeiro estudo sobre os compostos orgânicos voláteis (COV) no fumo de incêndios florestais em Portugal vai ser publicado pela revista Atmospheric Environment, no início de 2013. Foi realizado por investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (Cesam) da Universidade de Aveiro, baseando-se na análise de fumo recolhido em incêndios que ocorreram no Norte do país durante 2010.
Os COV presentes
na atmosfera podem ter fontes naturais, como as florestas, ou ser produzidos pelo
homem. Alguns dos COV, como o benzeno e o tolueno, são cancerígenos. Durante o
dia, sob a ação da radiação solar os COV reagem com outros compostos presentes
na atmosfera, formando-se ozono e partículas de tamanho microscópico, chamados
aerossóis, que são ambos nocivos para a saúde pública e para o meio ambiente.
Podem provocar problemas respiratórios em pessoas e animais. O ozono pode
também provocar alergias e destruir a vegetação.
Foram os próprios
investigadores que recolheram o fumo no local, com o apoio dos bombeiros que
combatiam o incêndio. “Nós sabíamos do incêndio, através da página de internet
da Autoridade Nacional de Protecção Civil”, indica Margarita Evtygina,
investigadora do Cesam e uma das autoras do estudo. “Os bombeiros deixavam-nos
aproximar do incêndio e nós tentávamos ficar sempre ao pé deles, porque um
incêndio é um evento muito perigoso e imprevisível.”
Ocorrem muitos
incêndios florestais em Portugal. “O seu número tem tendência a aumentar porque
cada vez temos mais secas e temperaturas mais altas durante a época de verão”,
refere Margarita Evtygina. Estudos sobre os COV presentes no fumo de incêndios
florestais foram feitos em outros países, como o Canadá e a Alemanha. Mas estas
florestas têm características muito diferentes das florestas portuguesas,
constituídas maioritariamente por pinheiros ou por eucaliptos.
A constituição da
floresta tem uma grande influência na composição do fumo emitido durante um
incêndio, como foi aliás confirmado no estudo pela equipa de investigadores do
Cesam. “Verificou-se que durante um incêndio as emissões de COV da floresta composta
por eucaliptos são diferentes das emissões da floresta composta por pinheiros”,
confirma Margarita Evtygina.
Os resultados da
equipa de investigadores do Cesam poderão ser utilizados na construção de
modelos mais fiáveis dos gases emitidos durante um incêndio florestal em
Portugal. “Os modelos são usados para fazer previsões e para estabelecer regras
de política ambiental”, refere Margarita Evtygina.” Os resultados produzidos
pelos modelos atuais, baseados em emissões de florestas com características
diferentes das portuguesas, têm grandes incertezas e muitas vezes não são
representativos”.
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