No futuro, poderá ser possível reaproveitar resíduos de tecidos gerados pela indústria têxtil na construção civil, como isolamento térmico de edifícios, com uma eficiência semelhante à de materiais utilizados atualmente. Esta é a conclusão de um estudo realizado por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da Universidade de Aveiro e da Universidade Fernando Pessoa, que vai ser publicado na revista Construction and Building Materials (CBM) no início de 2013.
A indústria têxtil é um dos sectores mais importantes da economia portuguesa, com grande contributo para as exportações. E, como todas as indústrias, produz resíduos que podem ser reaproveitados. O estudo resulta de uma parceria estabelecida com empresas têxteis e analisa dois desses resíduos – restos de tecidos e uma espécie de cotão, que resulta do aproveitamento de restos de tecidos para o fabrico de colchões e carpetes.
Os autores do artigo inspiraram-se na utilização de vestuário. “Fazemos roupas com tecidos, que servem para proteger do frio e do calor”, refere Anabela Paiva, professora da Universidade de Trás-os Montes e Alto Douro e uma das autoras do artigo. “Considerámos que os desperdícios de tecidos teriam um comportamento térmico semelhante ao das roupas e resolvemos fazer um conjunto de ensaios para o confirmar.”
O estudo a ser publicado pela CBM conclui que os restos de tecidos e o cotão podem ser utilizados como enchimento de paredes duplas, com resultados semelhantes ao de outros materiais utilizados em construção civil como o poliestireno extrudido, o poliestireno expandido, a lã mineral e a lã de rocha. A reutilização de resíduos em substituição destes materiais contribui para uma maior sustentabilidade da construção civil, e é um dos objectivos dos autores do artigo. “Estamos a desenvolver trabalho na área da reutilização de materiais, quer da indústria têxtil, quer resultante da atividade agrícola”, indica Ana Paiva.
O artigo científico foi possível graças ao estabelecimento de parcerias com quatro empresas têxteis: Textâmega, Supercorte, Pastopo e Profato. “A cooperação entre universidades e indústria é importante para ambas as partes”, refere Ana Paiva. “Os investigadores ficam a conhecer as necessidades reais da indústria e investigam no sentido de responder a essas necessidades e apresentar resultados que tenham uma aplicação prática.”
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