(Esta é a segunda de duas partes de um artigo sobre o parafuso telúrico também chamado caracol de Chancourtois. A primeira parte está aqui)
O parafuso telúrico, sistema criado por Chancourtois para a ordenação dos elementos químicos, foi em geral ignorado pela comunidade científica da época, em particular os químicos. Vários factos contribuíram para isso:
(I) Chancourtois não era químico mas sim geólogo. Não tinha uma formação de base em Química e para a construção do parafuso telúrico baseou-se muito em conceitos de Geologia, tais como a constituição química de minerais e rochas. A formação de Chancourtois como geólogo também influenciou a escolha do cilindro (sólido geométrico) como bases de representação do seu modelo assim como o próprio nome “parafuso telúrico”, de tellos, o termo grego para “terra” (como referido na primeira parte).
(II) Chancourtois não fez uma divulgação generalizada do seu modelo, o parafuso telúrico, entre a comunidade científica (e entre os químicos em particular), principalmente fora de França. Apenas publicou artigos em revistas francesas, não publicou nenhum artigo em revistas de Química e não defendeu a sua prioridade na descoberta da periodicidade dos elementos químicos perante Dmitri Mendeleev (1834-1907) ou Julius Lothar Meyer (1830-1895).
(III) O modelo do parafuso telúrico foi apresentado na revista Comptes Rendus, da Académie des Sciences, com a transcrição do discurso feito por Chancourtois perante elementos da Académie em 1862. O texto é de difícil compreensão e cheio de referências de Geologia. Pior ainda, o texto não é acompanhado por um esquema do parafuso telúrico (que poderia ajudar na compreensão do texto) porque o esquema foi considerado demasiado complexo pelo editor. Chancourtois publicou o esquema algum tempo depois, sobre a forma de um panfleto que distribuiu entre amigos e conhecidos, pelo que poucos tiveram acesso directo ao mesmo. Em baixo a primeira página do artigo de Chancourtois na revista Comptes Rendus.
(IV) Chancoutois introduziu no parafuso telúrico componentes que não na época já não eram considerados elementos químicos, como óxidos e cianetos, amónia e outros radicais.
Notas:
(1) Não me foi possível encontrar na internet nenhuma figura completa do esquema original de Chancourtois para o parafuso telúrico. Mesmo a figura que apresento (e que retirei da Wikipédia, fonte inesgotável) corresponde a menos da metade superior do esquema (o próprio telúrio, elemento químico que dá nome ao esquema, não aparece nesta figura).
(2) Encontrei na internet algumas representações menos correctas do parafuso telúrico apresentado por Chancourtois. Em alguns casos o cloro (Cl) é apresentado de acordo com o valor de massa atómica actual (35,5) e não o valor utilizado por Chancourtois de 35, como no pormenor em baixo.
Noutros casos a “rosca” do parafuso telúrico aparece de forma invertida, como nos dois exemplos em baixo.
O parafuso telúrico, sistema criado por Chancourtois para a ordenação dos elementos químicos, foi em geral ignorado pela comunidade científica da época, em particular os químicos. Vários factos contribuíram para isso:
(I) Chancourtois não era químico mas sim geólogo. Não tinha uma formação de base em Química e para a construção do parafuso telúrico baseou-se muito em conceitos de Geologia, tais como a constituição química de minerais e rochas. A formação de Chancourtois como geólogo também influenciou a escolha do cilindro (sólido geométrico) como bases de representação do seu modelo assim como o próprio nome “parafuso telúrico”, de tellos, o termo grego para “terra” (como referido na primeira parte).
(II) Chancourtois não fez uma divulgação generalizada do seu modelo, o parafuso telúrico, entre a comunidade científica (e entre os químicos em particular), principalmente fora de França. Apenas publicou artigos em revistas francesas, não publicou nenhum artigo em revistas de Química e não defendeu a sua prioridade na descoberta da periodicidade dos elementos químicos perante Dmitri Mendeleev (1834-1907) ou Julius Lothar Meyer (1830-1895).
(III) O modelo do parafuso telúrico foi apresentado na revista Comptes Rendus, da Académie des Sciences, com a transcrição do discurso feito por Chancourtois perante elementos da Académie em 1862. O texto é de difícil compreensão e cheio de referências de Geologia. Pior ainda, o texto não é acompanhado por um esquema do parafuso telúrico (que poderia ajudar na compreensão do texto) porque o esquema foi considerado demasiado complexo pelo editor. Chancourtois publicou o esquema algum tempo depois, sobre a forma de um panfleto que distribuiu entre amigos e conhecidos, pelo que poucos tiveram acesso directo ao mesmo. Em baixo a primeira página do artigo de Chancourtois na revista Comptes Rendus.
(IV) Chancoutois introduziu no parafuso telúrico componentes que não na época já não eram considerados elementos químicos, como óxidos e cianetos, amónia e outros radicais.
Notas:
(1) Não me foi possível encontrar na internet nenhuma figura completa do esquema original de Chancourtois para o parafuso telúrico. Mesmo a figura que apresento (e que retirei da Wikipédia, fonte inesgotável) corresponde a menos da metade superior do esquema (o próprio telúrio, elemento químico que dá nome ao esquema, não aparece nesta figura).
(2) Encontrei na internet algumas representações menos correctas do parafuso telúrico apresentado por Chancourtois. Em alguns casos o cloro (Cl) é apresentado de acordo com o valor de massa atómica actual (35,5) e não o valor utilizado por Chancourtois de 35, como no pormenor em baixo.
Noutros casos a “rosca” do parafuso telúrico aparece de forma invertida, como nos dois exemplos em baixo.
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