A NASA comemora o 25º aniversário da aproximação máxima da sonda Voyager 2 ao planeta Úrano. Ainda agora as imagens transmitidas pela sonda do planeta e (principalmente) das suas luas maiores são das mais detalhadas que existem. A 24 de Janeiro de 1986 a Voyager 2 esteve a apenas 81 500 km de Úrano, o mais próximo que alguma sonda terrestre esteve do planeta. A figura seguinte, tirada pela Voyager 2 é de Úrano em quarto crescente.
Até ao início de 1986 as únicas informações de Úrano eram fornecidas por telescópios terrestres. As imagens de Úrano eram (muito) pouco nítidas. Os anéis não eram visíveis e as cinco luas então conhecidas eram pequeninos borrões. Mas em Dezembro de 1985 a sonda espacial Voyager 2 chegou a Úrano. A passagem da Voyager 2 por Úrano revelou muitos segredos, nomeadamente a descoberta de 11 luas (até então) desconhecidas. Os instrumentos a bordo da sonda foram também utilizados para estudar a atmosfera, temperatura média e o campo magnético de Úrano, e ainda as suas luas maiores (as únicas conhecidas até então).
A figura seguinte mostra duas “luas pastoras” dos anéis de Úrano, Cordélia (1986U7) e Ofélia (1986U8), duas das 11 luas descobertas pela Voyager 2. A fotografia foi tirada pela sonda em 21 de Janeiro de 1986. (Crédito fotográfico: NASA/JPL).
Sir William Herschel (1738 – 1822), que descobriu Úrano em 1871, foi o primeiro a propor a existência de anéis em torno de Úrano. Em 1977 investigadores do Kuiper Airborne Observatory confirmaram indirectamente a existência de 9 anéis em torno de Úrano. Os anéis tornaram-se visíveis quando uma estrela passou por detrás de Úrano, criando um padrão de luz característico.
A Voyager 2 descobriu dois anéis novos em Úrano. Os 11 anéis de Úrano foram escrutinados pelos instrumentos a bordo da Voyager 2. Os resultados da sonda indicam que são de cor cinzento-escuro, reflectem uma quantidade muito pequena da luz solar e não parecem ser feitos do mesmo material que os anéis de Saturno.
Utilizando as informações transmitidas pela Voyager 2 os investigadores verificaram que, ao contrário do que acontece na Terra os pólos magnéticos de Úrano não se encontram alinhados com o eixo de rotação do planeta. Na verdade os pólos magnéticos encontram-se próximos do equador de Úrano, o que sugere que o fluxo de material que gera o campo magnético se encontra mais próximo da superfície de Úrano do que na Terra, Júpiter ou Saturno.
De acordo com as informações transmitidas pela Voyager 2, Úrano tem uma temperatura média de – 214 ºC. Como a inclinação do eixo de rotação de Úrano é de 98º (Úrano move-se deitado) era esperado uma grande variação de temperatura entre os pólos. No entanto a Voyager 2 mostrou que existe o transporte de calor entre pólos, mantendo-os a sensivelmente à mesma temperatura.
Ao passar por Úrano a Voyager 2 tirou fotografias das cinco luas então conhecidas, Ariel, Umbriel, Titânia, Oberon e Miranda. A trajectória da Voyager 2 só permitiu fotografar com detalhe a superfície de Miranda, porque as outras luas estavam mais distantes. Mas ainda assim as fotografias das luas de Úrano apresentam muitos detalhes. A figura seguinte é uma fotografia de Ariel, tirada pela Voyager 2.
Ao contrário do que era esperado Miranda não se revelou como um alvo cheio de crateras antigas. A Voyager 2 mostrou que Miranda está cheia de vales lineares, cristas e escarpas, reveladoras de uma superfície jovem e em transformação. A figura seguinte é uma fotografia de Miranda, tiradas pela Voyager 2. Nela é possível ver a superfície “recente”, uma sequência de riscas, com poucas crateras.
Nota: A Voyager 2 foi lançada da Terra a 20 de Agosto de 1977 (pouco depois da nova descoberta dos anéis de Úrano), poucos dias antes da sua irmã gémea, a Voyager 1. A Voyager 2 visitou mais planetas mais do que qualquer outra sonda, estudando em (maior) pormenor os sistemas de Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno.
Ao passar por Neptuno a trajectória da Voyager 2 foi desviada por este planeta para baixo. Neste momento afasta-se para Sul, por baixo do plano dos planetas. Tal como a sua irmã gémea, a Voyager 2 está a sair do Sistema Solar. Actualmente encontra-se a 14 biliões de quilómetros do Sol, a sensivelmente 12,8 horas-luz da Terra.