sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Terra à vista?

Tal qual modernos descobridores navegando por mares desconhecidos, os estudiosos da física de partículas, um ramo da Física que estuda a estrutura e organização das partículas subatómicas, procuram alcançar a Ilha de Estabilidade, o derradeiro prémio. Mas a existência e localização desta ilha, constituída por elementos “superpesados” (cujos átomos possuem bem mais de 100 protões), ainda é incerta.

Desde que Dalton propôs o primeiro modelo de átomo que se tem estudado a sua estrutura e organização. Vários modelos propostos depois, é conhecida a forma como, no átomo, os electrões se movimentam em torno do núcleo. Do núcleo do átomo também se conhece a composição em protões e neutrões. Mas quanto à organização dos neutrões e neutrões... Estamos nas fronteiras do conhecimento que mais interessam aos físicos de partículas.
O estudo de elementos químicos radioactivos determinou que existem dois factores que condicionam a estabilidade do núcleo atómico. Quanto maior o número de protões no núcleo menos estável é, maior a probabilidade de fissão nuclear. Mas a relação entre o número de protões e o número neutrões também é importante. Mesmo elementos com poucos protões (ou seja com um baixo número atómico) apresentam átomos radioactivos se a relação entre protões e neutrões não for correcta.

Na década de 1970 apareceram os primeiros modelos propostos para a organização no núcleo do átomo baseados em equações matemáticas. Estes modelos propõem a existência de uma Ilha de Estabilidade, um conjunto de átomos cuja conjugação de um número certo de protões e de neutrões cria um núcleo suficientemente estável para sobreviver mais do que alguns minutos. A Ilha de Estabilidade situa-se no meio de um mar de instabilidade, constituído por todos os átomos com um núcleo que não consegue ser estável por ter a conjugação errada de protões e neutrões.



Claro que nem sempre a teoria prediz de forma fiável a realidade. Segundo os modelos propostos para a organização do núcleo do átomo o elemento 114 (chamado assim por ter 114 protões) devia constituir a ponta da Ilha da Estabilidade. Mas estudos recentes (Setembro de 2009) revelaram que os dois átomos de elemento produzidos no Lawrence Berkeley National Laboratory (situado na Califórnia, Estados Unidos da América) se desintegraram em menos de um segundo, tempo insuficiente para que se possa considerar o elemento 114 como um componente da mítica ilha.

Mas os físicos de partículas não desanimam. À medida que mais informação é recolhida, mais se conhece sobre o núcleo dos átomos e a sua estrutura. Os modelos propostos para a organização do núcleo do átomo têm sido revistos, de forma a estarem de acordo com e/ou preverem os resultados obtidos experimentalmente. Até ver estes modelos continuam válidos e os físicos de partículas poderão continuar à procura da Ilha de Estabilidade.

Nota: a figura da Ilha de Estabilidade foi adaptada a partir desta figura (fonte wikipedia.en).

Sem comentários:

Enviar um comentário