O dia 18 de Junho de 2013
ficará na história como o dia em que foi descoberto o NEO número 10.000, um
asteroide chamado 2013 MZ5 (NEO significa “Near Earth Objects” ou Objectos
Próximos da Terra). O 2013 MZ5 tem uns respeitosos 300 metros de comprimento,
suficiente para provocar grandes estragos a nível local caso colidisse com a
Terra, mas a sua órbita não se vai cruzar tão brevemente com a do nosso planeta.
A descoberta foi feita pelo telescópio Pan-STARR-1, situado na ilha Maui, no
Havai.
AS duas fotografias do asteroide
2013 MZ5 foram feitas pelo telescópio Pan-STARR-1. O asteroide é o único ponto
luminoso a mover-se contra o fundo “estático” de estrelas (Crédito: PS-1/UH).
Os NEOs, são asteroides ou
cometas cujas órbitas se aproximam da órbita da Terra, podendo haver a
possibilidade de colisão entre estes astros e o nosso planeta. “O primeiro NEO
foi descoberto em 1898” refere Don Yomans, responsável pelo grupo de estudo de
NEOs do Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, Califórnia, nos Estados Unidos.
“Mas nos 100 anos seguintes apenas foram descobertos cerca 500 NEO”.
O estudo dos NEOs permite
aumentar o nosso conhecimento sobre o sistema solar e a sua formação. Existe
ainda a possibilidade de ser possível a exploração comercial destes astros
(minerais e material orgânico). Mas a razão mais importante para o estudo dos
NEOs é a possibilidade de estes colidirem com a Terra e as consequências dessa
colisão.
Na verdade todos os dias a
Terra é bombardeada por toneladas de detritos, pequenos suficiente para serem
destruídos ao entrarem na atmosfera terrestre. O asteroide que a 15 de
Fevereiro de 2013 atingiu a região de Chelyabinsk, na Rússia tinha entre 15 e
17 metros, e foi reduzido a pedaços mais pequenos ao entrar na atmosfera.
Pensa-se que existem pelo menos 1 milhão de NEOs com esta dimensão, que colidem
com a Terra a uma média de uma vez por cada 100 anos.
Para precaver possíveis
colisões futuras de asteroides, no final do século XX o senado norte-americano
requereu à NASA a criação de um programa para descobrir e monitorizar os NEOs.
Desde então outros países seguiram o exemplo dos Estados Unidos. Dos 10.005
NEOs já descobertos até 22 de Junho, 861 têm mais de 1 km de comprimento. O
programa também descobriu cerca de 30% dos 15.000 NEOs com perto de 140 metros
que se pensa existirem.
Os dois gráficos anteriores
apresentam informação relativa aos NEOs conhecidos actualmente. O gráfico à
esquerda indica o número (acumulado) de NEOs descobertos entre Janeiro de 1980
e Março de 2013, enquanto o gráfico à direita apresenta a classificação dos
NEOs conhecidos de acordo com o seu tamanho (Crédito: Alain B. Chamberlin/JPL).
O telescópio Pan-STARR-1 é um
dos meios utilizados para identificar e localizar NEOs e tem sido muito bem
sucedido na sua tarefa. Possui a maior câmara digital do mundo, com 1.400
megapixéis (as melhores máquinas fotográficas têm apenas 18 megapixéis) capaz
de cobrir uma área 40 vezes maior que a área da lua cheia. Como comparação as
máquinas fotográficas comuns, disponíveis actualmente no mercado, têm apenas poucas
dezenas de megapixéis.
Cada noite o Pan-STARR-1
consegue tirar até 500 fotografias que são comparadas via computador de forma a
detectar astros em movimento no céu nocturno ou astros cujo brilho varia de
noite para noite. A análise destas fotografias permite ainda determinar a
órbita do astro e, o mais importante, se o astro está ou não em rota de colisão
com a Terra.
Segundo o website do Programa de Near Earth Objects, a cada 10.000 anos a Terra
é atingida por pelo menos um asteroide com perto de 100 metros de comprimento,
capaz de provocar uma catástrofe a nível local. Mais raros, os asteroides com
pelo menos 1,5 km incêndios de larga escala, chuvas ácidas e bloqueio da luz do
Sol.
Actualmente são descobertos
perto de 1.000 NEOs por ano. “Os novos sistemas têm-nos permitido saber cada
vez mais sobre a localização actual e futura dos NEOs no sistema solar”, indica
Don Yeomans. O objectivo da NASA é encontrar e catalogar até 90% dos NEOs com
pelo menos 140 metros de comprimento. Quando tal acontecer a NASA espera que o
risco de colisão de um NEO desconhecido com a Terra seja inferior a um
porcento. Ao ter conhecimento prévio de comprimento podem provocar uma
catástrofe a nível global, com da possibilidade de uma colisão, a Humanidade
pode preparar-se para este acontecimento e até, possivelmente, evita-lo.
A figura seguinte apresenta o registo fotográfico mais completo do asteroide 2013 MZ5 feito pelo telescópio Pan-STARR-1. O asteroide é o único ponto luminoso a mover-se contra o fundo “estático” de estrelas (Crédito: PS-1/UH).
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