(adaptado a partir do original)
Os habitantes do hemisfério norte terão neste mês
de Março uma companhia especial e única no céu nocturno, o comenta C/2011 L4 PANSTARRS.
Segundo astrónomos da Royal Astronomical
Society este cometa será visível neste hemisfério a partir de 8 de Março, inicialmente
apenas com a ajuda de binóculos e telescópios. Embora se espere que o cometa atinja
o periélio (o ponto da órbita mais próximo do Sol) a 10 de Março ele apenas será
detectado a olho nu a partir da segunda semana de Março.
A figura inicial é uma fotografia do cometa C/2011 L4 PANSTARRS pelo astrónomo australiano Terry Lovejoy (crédito: Terry Lovejoy - adap). Este cometa foi descoberto em
Junho de 2011 por um grupo de astrónomos operando o sistema de telescópios PanSTARRS
(Panoramic Survey Telescope and Rapid
Response System)
situado no Havai. A medida que o cometa se aproxima do periélio o seu brilho aumenta e
forma-se uma cabeleira e uma ou mais caudas, porque o aquecimento deste astro
gelado provoca a sublimação e libertação de gases. Este facto torna o cometa visível no céu nocturno.
Actualmente o cometa C/2011 L4 PANSTARRS já é visível no hemisfério
Sul, com uma magnitude semelhante à das estrelas mais brilhantes da constelação
Ursa Maior. Existe assim a esperança deste cometa poder ser visível mesmo em cidades,
apesar da poluição luminosa. Mas para os grandes amantes de astronomia e da
observação do céu nocturno é recomendável rumar até zonas mais campestres, com
menos luz.
Pensa-se que o cometa C/2011 L4 PANSTARRS teve origem na nuvem de Oort, um conjunto milhões
de pequenos astros feitos de gelo que rodeiam o sistema solar situado num
espaço entre 5.000 e 100.000 UA do Sol (UA = 1 unidade solar ou distância média
da Terra ao Sol). Por vezes a órbita de um dos astros gelados da nuvem de Oort é
perturbada pela passagem próxima de uma estrela ou pela acção de forças
relacionadas com o movimento da Via Láctea, levando á sua saída da nuvem de
Oort e aproximação do sistema solar interior, seguindo órbitas muito alongadas
com um período (tempo que o cometa demora a completar uma órbita) muito grande,
de vários milhares de anos.
A figura seguinte mostra a posição esperada do
cometa C/2011 L4 PANSTARRS no céu nocturno durante o mês de Março (crédito: Alan
Fitzsimmons utilizando The Sky (c) Software Bisque 2010).
A partir de 12 de Março, de acordo com astrónomos
do Royal Astronomical Society, o
cometa estará suficientemente longe do Sol para ser mais fácil de localizar
após o pôr-do-sol, apesar de situar muito perto do horizonte. 12 e 13 de Março
são considerados bons dias para observar o cometa a olho nu: aparecerá como
uma linha difusa, perto da Lua crescente. Depois, ao longo de Março, à medida
que o cometa se afasta do Sol, o seu brilho irá diminuindo, uma situação
agravada pelo facto de a Lua crescente tornar as noites cada vez menos escuras.
A figura seguinte mostra a posição do cometa
em relação à lua e ao pôr-do-sol (sunset) nos dias 12, 16, 20 e 24 de Março
(crédito: NASA).
Eventualmente, à medida que se vai afastando
do Sol, o cometa tornar-se-á de novo “invisível” no céu nocturno. Em Abril o
cometa C/2011 L4 PANSTARRS só será visível através de telescópios. Entre 2 e 3
de Abril o cometa vai passar muito próximo da galáxia Andrómeda. Em meados de
Abril o cometa tornar-se-á circumpolar no hemisfério norte (será visível durante
toda a noite) e em finais de Abril passará pela constelação Cassiopeia (mesmo
na zona do “W”).
“Os
cometas brilhantes são um acontecimento raro e geralmente não sabemos quando
virá o próximo [cometa]” avisa Mark
Bailey, Director do Observatório de Armagh na Irlanda do Norte, Reino Unido.”Quer
seja um astrónomo amador com experiência ou apenas esteja interessado, o cometa
C/2011 L4 PANSTRARRS merece bem uma 'olhadela'”.
Alan Fitzsimmons, da Queen´s University em
Belfast, Irlanda do Norte e um dos líderes do projecto PanSTARRS concorda: “embora
tenhamos descoberto muitos cometas como telescópio [PanSTARRS], o cometa C/2011
L4 PANSTARRS é até agora o único passível de ser visível a olho nu. Os cometas
bodem ser muito belos e esta razão é suficiente para se fazer um esforço para
os observar.”
Fontes:
- Royal Astronomical Society;
- Joe Rao, Bright New Comet Promises Skywatching Treat in 2013 – Space.com.
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