quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O efeito de estufa explicado em 438 palavras e 1 figura.

A luz solar não é toda igual. É um conjunto de “luzes” a que damos nomes que dependem do seu comprimento de onda (c.d.o.). A luz visível é aquela a que os olhos humanos são sensíveis. Alguns animais (como por exemplo os insectos) são sensíveis à luz ultravioleta (que tem um c.d.o. maior que a da luz visível), também referida como luz UV. Outros animais conseguem ver luz infravermelha ou luz IV (com c.d.o. menor que o da luz visível). Já o Super-Homem tem visão Raios X (uma luz com c.d.o. maior que o da luz ultravioleta).

No entanto, independentemente da sua composição, quando chega à superfície terrestre, a luz solar sofre um de dois fins. Ou é reflectida (mantendo-se o seu c.d.o. igual) ou é absorvida. A luz absorvida pela superfície terrestre é posteriormente reemitida como luz infravermelha. Algumas das moléculas presentes na atmosfera têm a capacidade para absorver a luz IV e reemiti-la mais tarde.

Diferentes tipos de luz têm diferentes “capacidades”: a luz ultravioleta em excesso provoca cancro da pele, sem luz visível os humanos não vêem e a luz infravermelha “aquece”. Assim quando as moléculas presentes na atmosfera reemitem a luz infravermelha a temperatura da atmosfera aumenta. Chama-se a isto o efeito de estufa.

O efeito de estufa, por si só, é um factor benéfico que permite a existência da vida tal como a conhecemos. Sem o efeito de estufa a temperatura média do planeta Terra seria 30 ºC mais baixa, e a água encontrar-se-ia quase toda no estado sólido. Mas o efeito do efeito de estufa depende do número de moléculas que conseguem absorver e reemitir luz infravermelha presentes na atmosfera. Quanto maior for o número destas moléculas, maior será a temperatura média da Terra.

O aumento do efeito de estufa provoca o aumento da temperatura média da Terra. Este facto traz consequências como o aumento do nível médio da água do mar e as alterações climáticas, incluindo o aumento da temperatura. Um aumento médio de 5 ºC poderá ter consequências catastróficas.

O efeito de estufa é provocado por várias substâncias existentes na atmosfera, chamados gases de estufa, como o vapor de água, o metano, o óxido nítrico, o ozono e, o mais famoso, o dióxido de carbono. Os níveis destes gases têm aumentado consideravelmente (pode-se mesmo dizer exponencialmente) desde o início da Revolução Industrial, à mais de 200 anos atrás.

Os níveis dos gases de estufa têm aumentado desde o início da revolução industrial, resultado das actividades humanas. O efeito mais devastador é o do dióxido de carbono, que resulta principalmente da combustão de combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo.

P.S.: A imagem deste post foi adaptada. A imagem original encontra-se aqui.

A morada dos deuses.

Os gregos antigos acreditavam que o monte Olimpo, sendo o monte mais alto entre todos, era a morada (digna) dos deuses. No planeta Terra a maior montanha é o Evereste (quase 9 km de altura) e existem mais 13 montanhas com mais de 8 km de altura. Várias situam-se, tal como o monte Evereste, na cordilheira dos Himalaias. Mas essas montanhas são anãs ao pé da maior montanha de Marte, com a altura de sensivelmente 3 montes Evereste. A esta montanha marciana (a maior conhecida no sistema solar) foi dado o nome de Olympus Mons, o Monte Olimpo.

O Olympus Mons situa-se próximo do equador marciano, numa região chamada planalto de Tharsis. Encontra-se acompanhado por outros três montes gigantes com mais de 10 km de altura, chamados Ascraeus Mons, Pavonius Mons e Arsia Mons. O tamanho destes gigantes é ainda mais impressionante quando se considera o tamanho total do planeta Marte, como na figura à direita. E o diâmetro de Marte é sensivelmente metade do diâmetro da Terra.



Situada na Terra, a cordilheira dos Himalaias resulta do choque das placas tectónicas asiática e indiana (chamadas assim por razões óbvias). Já o marciano Olympus Mons é de origem vulcânica. Com um diâmetro de quase 600 km e cerca de 26,4 km de altura, no centro deste enorme monte situa-se um aglomerado de cinco caldeiras, a maior das quais tem 80 km de diâmetro.

A melhor forma de avaliar o tamanho do Olympus Mons é comparando-o com algo que conhecemos bem. O Olympus Mons ocupa uma área de sensivelmente três vezes Portugal continental e a altura de três montes Evereste. Na Terra o seu cume estaria situado no meio da camada de ozono!



A imagem seguinte é da ESA (European Space Agency) e permite distinguir as caldeiras (para cada caldeira a base está ao mesmo nível). As cinco caldeiras do Olympus Mons confirmam a ocorrência de pelo menos 5 erupções vulcânicas, em diferentes alturas da vida do planeta Marte. Estas erupções são responsáveis pelo depósito de grande parte do material que constitui o monte. Vários cientistas consideram que o Olympus Mons ainda poderá ser um vulcão activo.



O cone do Olympus Mons têm um declive muito suave, entre 2% e 5%, ou seja, por cada 100 m percorridos em linha recta a partir da caldeira até à base a altitude diminui entre 2 e 5 metros. Na Terra vulcões com esta forma (ou morfologia) são chamados vulcões efusivos ou vulcões escudo, devido a sua forma. Também são referidos como vulcões com actividade de tipo hawaiano. Nestes vulcões a lava é muito fluida, podendo percorrer grandes distâncias antes de solidificar. Um exemplo de vulcões efusivos é os vulcões hawaianos. O maior destes, Mauna Loa, tem uma altura de 10 km, desde a base no fundo do oceano até ao topo (ver figura abaixo).



Existem várias razões propostas para a impossibilidade de um monte terrestre poder atingir as dimensões do Olympus Mons. Em primeiro lugar está sujeito à acção da erosão pelos elementos (ventos, chuva, cursos de água, etc…). Para além disso a acção da gravidade limita (condiciona é o termo mais correcto) a altura máxima que uma montanha pode ter. Na Terra 9 km de altura acima do nível médio das águas do mar parece ser o limite. Finalmente o facto de a crosta terrestre ser constituída por placas que se movem (segundo a teoria de tectónica de placas) limita o tempo durante o qual um vulcão é activo. O arquipélago do Hawai é um dos melhores exemplos.

Tendo em conta o tamanho do Olympus Mons em relação à dimensão de Marte poderia esperar-se a identificação deste monte utilizando um telescópio terrestre. No entanto a região de Tharsis pode ser assolada por tempestades de poeira e por nuvens que diminuem consideravelmente a visibilidade. A dimensão do Olympus Mons só foi verificada pela sonda Mariner 9 em 1972.



P.S.: As imagem apresentadas neste poste foram obtidas em missões patrocinadas pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) e pela ESA (European Space Agency). A excepção é a imagem do Mauna Loa (origem: wikipedia - Gordon Joly).

A Google tem um mapa de Marte, de acesso gratuito. A fotografia abaixo é de lá!